![]() A ideia feita segundo a qual a teoria exige respostas com que a prática não tem de se preocupar – a ideia, ao fim e ao cabo, de que a prática é mais livre do que a teoria – conhece no campo da encenação uma curiosa prova em contrário. É que uma boa ideia – refiro-me a uma ideia certeira, e não meramente a uma engenhosa ou sedutora elucubração – pode fracassar inteiramente quando posta em prática. Ou seja, para ser bem-sucedida, uma encenação precisa de mais do que de uma boa ideia: precisa de uma ideia resistente, de uma ideia que reverbere a cada momento da representação. Vem isto a propósito da conversa/workshop (organizada por David J. Levin na Universidade de Chicago a 27 de Novembro de 2017) com Yuval Sharon (que vai encenar a próxima produção de Lohengrin em Bayreuth). O “Regie Konzept” que serviu de base à discussão promete, e creio que não revelarei mais do que seria lícito ao referir que a Elsa será dado um incomum protagonismo. Traída pelos seus, num primeiro momento, e traída, num segundo momento – nos termos desta leitura –, por Lohengrin, que viria libertá-la pelo preço de uma nova subserviência, Elsa é a figura cujos amadurecimento e emancipação se trata de acompanhar. É pois Lohengrin – eis a verdadeira tragédia – que desaponta Elsa, e não o inverso.
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Notes & SketchesThis is a bunch of brief, often most personal, and not rarely idiosyncratic notes, which I plan to publish here and elsewhere. They are exercises in thinking and writing—fragments, digressions, sketches for a future book dedicated to opera and film Histórico
October 2018
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